O que é LGBTFobia?
O termo LGBTfobia tende a não ser tão utilizado ou conhecido, já que, normalmente, usa-se outro sinônimo para nomear o ódio à população LGBTQIA+: homofobia.
Originalmente, o termo homofobia refere-se apenas à violência e hostilidade contra homossexuais, que são as lésbicas e os gays. Mas, a utilização do termo se popularizou e, hoje, é considerado por muitos uma forma correta de definir o ato de ódio a outros grupos, como afirmou Maria Berenice Dias, Presidente da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB: “Homofobia é o ato ou manifestação de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais”.
Alguns exemplos de termos próprios são:
Bifobia: descreve a aversão ou a discriminação contra bissexuais.
Lesbofobia: refere-se exclusivamente ao preconceito e a violência contra mulheres lésbicas.
Gayfobia: refere-se exclusivamente ao preconceito e violência contra homens gays.
Transfobia: termo utilizado para classificar atitudes ou sentimentos negativos e/ou violentos contra pessoas trans, o que inclui travestis, transexuais e transgêneros.
***** No Brasil
Cerca de 20 milhões de brasileiras e brasileiros (10% da população), se identificam como pessoas LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Cerca de 92,5% dessas pessoas relataram o aumento da violência contra a população LGBTQIA+, segundo pesquisa da organização de mídia Gênero e Número, com o apoio da Fundação Ford.
Ainda segundo a pesquisa, esses dados estão atrelados à última eleição presidencial do Brasil, em 2018. De lá pra cá, 51% das pessoas LGBTQIA+ relataram ter sofrido algum tipo de violência motivada pela sua orientação sexual ou identidade de gênero. Destas, 94% sofreram violência verbal. Em 13% das ocorrências as pessoas sofreram também violência física.
***** Em Portugal
Atualmente, cada vez mais pessoas da comunidade LGBTI assumem a sua sexualidade, mas entre 2012 e 2019 pouco mudou, revelou o inquérito feito pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) e publicado esta quinta-feira. Portugal posiciona-se quase sempre em linha com a média europeia, sobressaindo pela positiva quando se fala em agressões físicas ou sexuais. Nos últimos cinco anos, foi o país com menos ataques motivados pela orientação sexual, com apenas 5% dos inquiridos a ser agredidos. Já nos últimos 12 meses, o valor subiu para 30% e Portugal passa a ocupar o 4º melhor lugar.
“A discriminação ainda afeta muitas áreas da vida, como ir a um café, hospital ou loja”, pode ler-se no relatório, sendo que a percentagem de pessoas que se sentiram discriminadas aumentou 6% entre 2012 (37%) e 2019 (43%). Para pessoas transexuais, a situação é muito pior: em 2012, a percentagem chegava aos 43%, tendo piorado 17% em 2019.
Face a 2012, as pessoas tornaram-se mais abertas em relação à sua sexualidade. Em 2019, cerca de 52% das pessoas afirmaram que são sempre ou quase sempre abertas, um aumento de 16% face a 2012. No entanto, 61% admitem evitar sempre ou quase sempre dar as mãos em público por medo de agressão.
A perceção geral, no entanto, é a de que atualmente há mais tolerância, sendo que 40% afirmam existir menos preconceito em relação à comunidade LGBTI. O cenário altera-se quando os países são analisados individualmente, sendo que existem bastantes diferenças entre os níveis de aceitação em cada um.
Em Portugal, 68% das pessoas “dizem que o preconceito e a intolerância LGBTI diminuíram nos últimos cinco anos”, havendo 8% de inquiridos a afirmar o contrário. Quase 40% das pessoas optam então por ser sempre ou quase sempre abertas em relação à sua sexualidade, um valor que desceu em relação a 2012 e está abaixo da média da União Europeia (UE), segundo os resultados. Apesar disso, 57% admitem evitar sempre ou quase sempre de mãos dadas com pessoas do mesmo sexo, um valor que se manteve semelhante face a 2012.
O inquérito revela ainda que a violência relacionada com o preconceito continua a existir, sendo que Portugal pode ser considerado um exemplo positivo em relação aos últimos cinco anos. Por outro lado, em países como a Polónia e a Roménia, 15% das pessoas admitiram ter sofrido algum tipo de agressão nos últimos cinco anos.
Fonte: Observador (pt) – fundo do Brasil (Org)