Portugal vai ao Japão …
Em 1543, os portugueses chegaram à ilha de Tanegashima, tornando-se assim os primeiros europeus a estabelecerem contacto com o Japão. Com os portugueses, principalmente missionários (através de escolas e seminários fundados pelos missionários jesuítas) e comerciantes, os japoneses ganharam uma melhor noção da constituição do planeta, particularmente dos seus continentes, povos e oceanos.
Em termos de produtos e hábitos alimentares, foram introduzidas pelos portugueses novas espécies de animais e vegetais: figueira, pereira, pessegueiro, marmeleiro, oliveira, videira (para produção do vinho das cerimónias religiosas cristãs) e o hábito de criação e consumo de animais domésticos, como por exemplo a galinha, o pato, o coelho, etc.
A “Tempura”, hábito de fritar vegetais envoltos em polme, foi introduzida no Japão em meados do século XVI por missionários portugueses, sendo inspirada no prato português peixinhos da horta. Há diversas teorias para a origem do nome “Tempura”. Uma delas afirma vir da expressão “ad tempora quadragesimae”, a qual se referia ao período da Quaresma, quando os Jesuítas não consumiam carne vermelha, preferindo frutos do mar ou vegetais. Já outras cunham a palavra como derivada do verbo “temperar” ou “tempero”.
Também foi introduzido o tempero “namban karashi” (mostarda). Esta qualificação de “namban” acabou se confundindo com um distrito de Osaka chamado Nanba, e passou a ser um qualitativo de pratos como o pato com alho ou até o frango nanba que se tornou muito popular no Japão.
Muitos destes pratos foram-se transformando no Japão, como o que aconteceu com um peixe marinado com base no vinagre, picante, algo semelhante ao escabeche.
A doçaria portuguesa deixou marcas na culinária japonesa, onde introduziu pela primeira vez o açúcar refinado, originando os chamados “Kompeito” e ainda na adaptação dos fios de ovos e trouxas, que originaram a especialidade japonesa “Keiran Somen” ou “cabelos de anjo”. Esta receita tornou-se também muito popular na Tailândia com o nome “Kanom Foy Tong”. Assim, os japoneses puderam incorporar à sua culinária doces como o tradicional “pão de ló” deu origem em Nagasaka ao bolo Castela, ou “Kasutera”.